sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dimensões da tecnologia e formação do professor

Em uma conversa no horário do intervalo, uma professora relata sua frustração:
- Eu tenho o trabalho de preparar todas as minhas aulas no Power point, e agora eles (os alunos) se queixam que já estão cansados disso. Quem entende estes meninos?
A angustia da professora é um exemplo clássico da observação feita por Graziela Pachane no que se refere á introdução da TV na educação, que “gerava um discurso em monólogo.Ela falava e os estudantes recebiam”.A postura passiva frente às atividades, tanto no uso do vídeo, da TV , do computador ou mais recentemente da TV Pendrive é o que incomoda aos alunos. Passado um primeiro momento, eles percebem que a mudança ocorrida é que o discurso do professor foi substituído pelas mídias.
È inegável que o trabalho com mídias em sala de aula traz um novo colorido, com a possibilidade de utilização de filmes, imagens, gráficos, visitas virtuais que enriquecem o trabalho pedagógico. Mas a utilização destes recursos não pode se reduzir só a “dar um colorido”à sala de aula.Diante desta constatação emergem duas reflexões.
A primeira é que a incorporação das tecnologias á pedagogia ainda se dá de modo instrumental,como suportes, sem considerar as possibilidades que elas representam de “fazer de cada espaço escolar um espaço de produção coletiva.”Esta efetiva produção coletiva se realiza na medida em que entendemos as mídias representam elementos de instigação, interação e extrapolação dos limites físicos da escola.A linearidade dos conteúdos e pré-requisitos cede lugar á investigação , à pesquisa e ao desenvolvimento de competências e da criatividade.
A segunda reflexão diz respeito à formação do professor. Para que este fazer coletivo se concretize, é necessário articular a formação do professor de maneira que a “prática passe de campo de aplicação a campo de produção do conhecimento.”No momento em que vivemos uma quebra de paradigmas na produção de conhecimento, não se pode conceber que o espaço escolar seja apenas o local onde verdades inquestionáveis são “repassadas” aos alunos.Assim ,a habilidade de criar/propor situações de aprendizado desafiadoras,de conceber o conhecimento humano dentro de uma nova perspectiva precedem a habilidade de lidar com as mídias.





PACHANE, Graziela. O mito da telinha - ou o paradoxo do fascínio da educação mediada pelo computador. ETD - Educação Temática Digital, v 5 , n 1, Campinas ,p 40-48,dez 2003. Acesso em outubro 2009.http://nbn-resolving.de/urn:nbn:de:0168-ssoar-104057


SALGADO. Maria Umbelina C. O professor e sua formação. In: Desafios da escola:uma conversa com os professores. Programa 02 TVE Brasil Disponível em http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/de/tetxt1.htm acesso novembro 2009


SERRES, Michel. Linguagens e Tecnologias na Educação. Disponível em WWW.serprofessoruniversitário.com.br. Acesso julho 2010







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